quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Gilberty Glenn parte VI O Final

Elionor não apareceu por muitos dias. Angustiado por sua falta, desceu para o porão e retirou o lençol de cima do que aparentava ser um corpo.A face pálida e os longos cabelos negros a escorregar pelo corpo. Era Elionor inanimada. A dor de mil agulhas a espicaçarem-lhe o coração... Aquela beleza embalsamada fez-lhe enjoar, e pela primeira vez deu-se conta do absurdo que estava vivendo... Nutria um amor estranho.Cultuava a uma entidade morta... via-se mergulhado em dor e tristeza... sentia-se ele próprio morto.E então ela apareceu mais bela e radiante que nunca ! Seu vestido simples parecia esvoaçar! Gilberty estava encantado e aquela visão lhe curou as dores que até poucos instantes atrás lhe estavam a estrangular a alma e oprimi-la amargamente.Conduziu-o de volta a parte superior da casa e ambos saíram para o jardim, a noite vestiu-se especialmente, pois trajava seu melhor vestido degala, com diamantes costurados a sua seda negra, deixando-a estonteante.Gilberty sentiu-se completo a olhar as estrelas e por estar ao ladode Elionor. Entendera que a amava de uma forma inexplicável. Sua presença era o bastante para fazê-lo feliz. Encontrou em alguém que já não existia, toda a alegria de viver que nunca tivera.Ela era a fonte de sua felicidade e o motivo de todas as suas angústias. Seu amor era correspondido e, no entanto impossível. Apenas um abismo disfarçado pelo tênue véu da morte separavam-nos.]
O dia seguinte veio e Gilberty acordou decidido a ir embora. Tomou banho, vestiu-se adequadamente, escreveu algumas cartas, e uma em especial deixou sobre a escrivaninha. Aquelas eram as últimas horas na Casa Cinzenta, que trouxe todo um mundo novo diante dos seus olhos.Estava completamente transformado e feliz, até certo ponto. Caminhando no cômodo anexo ao seu quarto, fez uma breve reflexão de tudo o que vivera até aquele momento. Sentou-se. Folheou pela última vez o diário de Elionor Mirtzen. Degustou tranqüilamente um cálice de vinho servidopela Sra. Mirtzen, que o fitou com desprezo ao retirar-se, e ele teve a nítida sensação de ter visto um sorriso seco em seus olhos. Momentos depois partiu.
Numa manhã ensolarada de 1878, um simpático casal de jovens contemplava duas lapides com seus nomes nos epitáfios... Elionor Krezien Mirtzen 1848 – 1863 e Gilberty Glenn 1850 – 1878. Saíram de mãos dadas pelo cemitério deserto e tiveram toda a eternidade para reafirmarem seus votos de amor.

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