quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Gilberty Glenn Parte III

Tomado por um sentimento que o dominava de maneira feroz e doentia,Gilberty propôs a Elionor que unissem suas vidas, tendo como resposta um riso cáustico, que foi evoluindo para uma gargalhada sarcástica e convulsiva de Elionor, para em seguida chorar copiosamente e aos soluços perguntar-lhe se ele era louco. Envergonhado e magoado,deixou-a e trancou-se no quarto. Por lá ficou vários dias seguidos.Na sexta noite acordou sobressaltado depois de um sonho estranho, em que Elionor jazia num caixão, onde ele deitava sobre seu corpo e ambos eram enterrados juntos... Atordoado e descomposto desceu para abiblioteca, onde encontrou Elionor. Sentou-se diante dela como fizera tantas vezes. Mas desta vez não falou uma palavra. Apenas fitava-a comum olhar fixo e inexpressivo. Sua aparência falava por si... Pálido,fraco, cabelos desgrenhados, barba por fazer e descalço. Elionor quebrou o silêncio com um longo suspiro. Pela primeira vez, seu rosto traiu-lhe demonstrando o reflexo de algum sentimento que lhe atormentava. Levantou da poltrona e caminhou lentamente até Gilberty.Sentou no braço da poltrona onde ele estava e beijou-lhe ternamente a têmpora, e, embora não tenha sentido mais que uma suave brisa gelada ao invés de um beijo, Gilberty deu sinais de ter saído de seu torpor.E quase sem abrir a boca, perguntou:_por quê?
_ Meu querido, por que simplesmente não tenho vida alguma para unir atua. Tu fizeste-me sentir amor. Um amor tão intenso como jamais fui capaz de sentir em vida. Fostes tão terno e atencioso para comigo...ho! Mas não podemos nos unir, Gil!
_ Do que está falando?!
_Gilberty, Gilberty... Por que enganas a ti mesmo? Por que te negas a aceitar a verdade, a terrível verdade? Sabes que estou morta, que continuo aqui por não ter aonde ir.
_ Não... não... não tens o mínimo de pudor para mentir assim?! Bem sabes que não acredito em espíritos... Por que me atormenta com estas bobagens? Não seria mais sensato dizer que não nutre nada por mim? Que fui para Ti agradável companhia, mas que agora te cansas?!
_Ho Gilberty... Elionor deixou-se escorregar para as pernas de Gilberty e abraçou-o com ternura. E só então ele percebeu o quão leve e frio era seu corpo. A verdade desnudava-se implacável diante de seus olhos ímpios... ele não podia acreditar.

GIlberty Glenn Parte V

Dias depois quando se sentiu mais disposto, chamou pela Senhora Mirtzen, que não se demorou em atendê-lo:
_ Senhora Mirtzen, fale-me de Elionor.
Sobressaltada, recusou-se a falar, mas, depois de muita insistência,respondeu as perguntas de seu jovem patrão.
_ Senhor Glenn, não consigo entender seu interesse por... minha falecida filha.
_ apenas fale-me sobre ela. Diga-me por que permitiu que meu bisa..que Ivo Krezien desposáse-a quando ela tinha apenas quinze anos! Uma criança! Por quê?_como?!
Com um gesto, Gilberty indicou o diário sobre o criado mudo. E então a Senhora Mirtzen entendeu que deveria falar. Como se houvesse uma densa névoa cinza sobre seus olhos começou:
_ Senhor, meu marido, ficou muito doente, pensávamos que iria morrer... não tínhamos dinheiro para pagar seu tratamento... e foi então que O Sr. Krezien me fez uma proposta... Ho! Se eu soubesse...Se eu soubesse... Que estaria salvando meu marido as custas da vida deminha filha! Jamais teria aceitado!...
seu rosto estava transtornado e batia com os punhos nos joelhos determinadamente
_ foi então que,numa noite, quando Elionor e eu já não tínhamos esperanças, fui chamada pelo Sr. Krezien em seu escritório e ele me propôs uma troca:pagaria o tratamento de meu August, e, depois de meu marido restabelecido, desposaria minha filha...
_Hum... ela não escreveu sobre este assunto no diário...
_por que a pobrezinha nunca soube... O Sr. Krezien me pediu para que não contasse do acordo a ela... pensei que com o tempo ela se afeiçoaria a ele mas...
_Mas ela morreu antes do velho e vocês continuaram sem nada!
_O quê?! O senhor não está nada bem! Deve ser a febre!
_Não minha senhora... não minta... afinal, os maiores prejudicados nesta história já estão mortos!O rosto de Katarina Mirtzen estava banhado de pavor. Suas mãos tremiam.
_ A senhora, percebendo a afeição de um velho de oitenta anos,aproveitou-se das circunstâncias... para pôr as mãos em suas posses!Elionor nem mesmo era sua filha!
_ Pare! Não sou obrigada a ouvir seus delírios!
Gilberty saltou na frente da Senhora Mirtzen, trancou a porta e atirou a chave pela janela.
_ Sente-se Senhora, ainda temos que relembrar umas coisas... Gilberty falava energicamente e seu tom autoritário não dava vazão adesobediência. Sem alternativa e encurralada, aquela senhora rechonchuda e agora também assustada sentou-se na pequena poltrona ao lado da cama.
_ A senhora achava injusto que um velho, no fim da vida tivesse tanto,e que seu marido que sempre trabalhara muito, não possuísse nem ao menos uma pequena casa! Não é mesmo, senhora Mirtzen?
_O Senhor, não é a pessoa mais indicada para julgar-me! Quando não conheces-te nada da vida ainda! És um rapazola que vive de sonhos e de herança! Elionor... Minha doce Elionor... eu sempre quis o bem deminha filha! E se eu planejei seu casamento, foi para que fosse feliz! Elionor não nasceu de mim, mas eu a amava...Os soluços da Senhora Mirtzen ecoaram por toda casa e não demorou muito para que batessem na porta. Com uma desculpa qualquer, Gilberty ordenou que providenciassem outra chave... enquanto acatavam suas ordens, ainda teve tempo de alfinetar a já tão desconsolada senhora em sua frente._Elionor não se matou pelo casamento com o Sr. Krezien. Mas por que descobriu teus planos. Sentiu-se usada... e vingou-se de ti, abrindo mão de sua própria vida, que em seu ver, nada valia.
_ como soube de tudo isso? E o que lhe interessa nesta história?
_entenderia se eu lhe contasse? Agora sou apenas a voz de sua consiência.
_ ou de minha Elionor...
Abriram a porta e Gilberty ordenou que lhe deixassem só.

Gilberty Glenn parte II

Aparentemente, a garota não exercia nenhuma função, o que fazia crer que não era uma empregada. Na casa haviam três, a Sra. Feldhollow, governanta, e a senhora Mirtzen que além de faxinar esporadicamente servia como cozinheira, cujo o marido era jardineiro da casa desde os tempos do Sr. Krezien. Gilberty tinha a ligeira impressão de que seus empregados não gostavam muito dele e tão pouco da garota. Pois olhavam para ele com desaprovação quando estava a conversar com Elionor e para ela não dirigiam uma só palavra, como se a mesma não existisse. Esta situação não parecia irritá-la e por isso, Gilberty não protestou. Conforme o tempo passava, foi-se desligando do mundo lá fora, abstendo-se a leitura dos livros da biblioteca da casa e as suas infindáveis conversas...Uma vez, sua irmã, Maria Glenn, pouco antes de casar-se, fora visitar o irmão, trazendo o perdão dos seus pais que estavam preocupados com sua ausência e a falta de noticias, pois já havia saído de casa há um ano, sem que retornasse, e sua curta carta informando a decisão de estabelecer moradia na antiga casa dos Glenn não apresentava nenhuma justificativa plausível. Durante toda a estadia de Maria (que durou apenas três dias) Elionor recusou-se a sair do quarto e a conhecer a irmã do dono da casa. O comportamento e os modos de Gilberty deixaram Maria extremamente preocupada com a saúde mental de seu irmão, que se recusou aacompanhá-la e até mesmo a comparecer na cerimônia de seu casamento.Depois de violenta discussão, Maria apressou-se em ir embora, e fora esta a última vez que viu o irmão.Depois desta experiência, Gilberty decidiu não mais receber visitas, e se essas ocorressem sem prévio aviso ele simplesmente se negava a abrir as portas de sua casa.Não demorou muito para que ele se tornasse um homem tão não sociável,como Ivo havia sido. E até mesmo histórias a seu respeito começavam a ser contadas nos círculos infantis dos Glenn.Gilberty fechou-se pro mundo para não incomodar Elionor, que se tornou senhora de si e tudo o mais que a ele pertencesse.

Gilberty Glenn parte IV

Elionor sem explicações puxou-o pela mão e conduziu-o até uma porta embaixo da escada, que ele não tinha percebido antes... após esta porta seguia-se um lance de escadas, o corredor era escuro e frio. De repente velas ascenderam-se iluminado o caminho. Chegaram ao porão da Casa Cinza. Lá haviam flores, muitas flores murchas... no centro havia uma mesa com algo encoberto por um lençol branco. Sobre o que parecia ser um corpo, havia um caderno... um livro, talvez um diário.Apanhou-o e na primeira página leu: "Elionor Mirtzen."Começou a ler o que se seguia:
"1 de maio de 1858"
"É estranho.Meus pais se mudaram para esta cidade tão estranha...e me sinto muito só... as vezes, imagino como as coisas teriam sido se nós tivéssemos permanecido no campo... sinto falta meu gato... o Sr.Krezien não gosta de bichos... mas ainda assim sinto falta de Stuart..."
"4 de junho de 1858"
"O Sr. Krezien, patrão de meus pais, é um senhor muito esquisito. Ele costuma ler livros para mim... disse que quer me instruir, e que serei uma moça muito bonita. Minha mãe me chama de boneca... e diz que nem pareço ter onze anos!Há momentos em que gostaria de estar no campo novamente, lá eu me sentia livre. Esta casa é muito fria... todos parecem sem vida,principalmente o Sr, Krezien... hoje pela manhã, eu o vi saindo de uma porta embaixo da escada... o que será que ele faz lá? Acho que dá para o porão..."
Enquanto lia, Gilberty não se deu conta de que Elionor já não estava ao seu lado. Lá em baixo era muito frio, e incomodado subiu para o quarto para continuar a leitura do diário. A princípio, interessou-se pela linguagem simples e infantil de Elionor, e pensou que através dele poderia conhecer um pouco sua vida.Mas como poderia ela ter quase trinta anos agora, com a aparência de, no máximo dezesseis anos? A verdade é que em quatro anos, ele não percebera qualquer mudança física em Elionor. Devorou o diário naquela mesma noite, terminando sua leitura ao amanhecer. Chocado e perplexo, deixou-se cair sobre a cama e dormiu pesadamente. Despertou dois dias depois, com as senhoras Feldhollow e Mirtzen acompanhadas de um médico já idoso e franzino. Não conseguia entender o que lhe diziam, e um zumbido insuportável incomodava seus ouvidos.

Gilberty Glenn parte VI O Final

Elionor não apareceu por muitos dias. Angustiado por sua falta, desceu para o porão e retirou o lençol de cima do que aparentava ser um corpo.A face pálida e os longos cabelos negros a escorregar pelo corpo. Era Elionor inanimada. A dor de mil agulhas a espicaçarem-lhe o coração... Aquela beleza embalsamada fez-lhe enjoar, e pela primeira vez deu-se conta do absurdo que estava vivendo... Nutria um amor estranho.Cultuava a uma entidade morta... via-se mergulhado em dor e tristeza... sentia-se ele próprio morto.E então ela apareceu mais bela e radiante que nunca ! Seu vestido simples parecia esvoaçar! Gilberty estava encantado e aquela visão lhe curou as dores que até poucos instantes atrás lhe estavam a estrangular a alma e oprimi-la amargamente.Conduziu-o de volta a parte superior da casa e ambos saíram para o jardim, a noite vestiu-se especialmente, pois trajava seu melhor vestido degala, com diamantes costurados a sua seda negra, deixando-a estonteante.Gilberty sentiu-se completo a olhar as estrelas e por estar ao ladode Elionor. Entendera que a amava de uma forma inexplicável. Sua presença era o bastante para fazê-lo feliz. Encontrou em alguém que já não existia, toda a alegria de viver que nunca tivera.Ela era a fonte de sua felicidade e o motivo de todas as suas angústias. Seu amor era correspondido e, no entanto impossível. Apenas um abismo disfarçado pelo tênue véu da morte separavam-nos.]
O dia seguinte veio e Gilberty acordou decidido a ir embora. Tomou banho, vestiu-se adequadamente, escreveu algumas cartas, e uma em especial deixou sobre a escrivaninha. Aquelas eram as últimas horas na Casa Cinzenta, que trouxe todo um mundo novo diante dos seus olhos.Estava completamente transformado e feliz, até certo ponto. Caminhando no cômodo anexo ao seu quarto, fez uma breve reflexão de tudo o que vivera até aquele momento. Sentou-se. Folheou pela última vez o diário de Elionor Mirtzen. Degustou tranqüilamente um cálice de vinho servidopela Sra. Mirtzen, que o fitou com desprezo ao retirar-se, e ele teve a nítida sensação de ter visto um sorriso seco em seus olhos. Momentos depois partiu.
Numa manhã ensolarada de 1878, um simpático casal de jovens contemplava duas lapides com seus nomes nos epitáfios... Elionor Krezien Mirtzen 1848 – 1863 e Gilberty Glenn 1850 – 1878. Saíram de mãos dadas pelo cemitério deserto e tiveram toda a eternidade para reafirmarem seus votos de amor.

Gilberty Glenn

"Gilberty andava contraído e inquieto na saleta anexa a seu quarto, que ele chamava de escritório. Séculos de existência, não fizeram o tempo mudar as coisas... ou nem mesmo as coisas mudavam por si mesmas... a única impressão da passagem do tempo eram as dunas de pó que sedimentavam os objetos... além disso, nada mais acontecera. "Com a alma deve ser assim também",pensava Gilberty. "Quantas coisas devem estar enterradas sob a poeira do tempo... e ocultas de meu consciente".Há anos vivia entre o jardim de sua Casa Cinzenta e os cômodos que acompunham. Há muito tempo não punha os pés na rua... como se ao fazer isso perdesse o direito de retornar.Seu mundo, e suas limitações estavam entre aquelas paredes. Mas...principalmente Elionor, que era sua liberdade e seu vício. Ela, mais do que qualquer outro motivo o mantinha ali. Sua presença em cada canto, cada parede, cada móvel. Seu doce perfume de rosas cálidas, que invadia-lhe o quarto e a alma todas as manhãs, sua voz macia e centrada que lhe vinha conciliar o sono, muitas vezes atordoado por pesadelos.
Gilberty recebera a Casa Cinzenta como herança de seu bisavô, Ivo Krezien Glenn. Sua existência soturna e confinada naquela casa situada numa rua tão pequena e esquecida alimentava muitas histórias absurdas,que costumavam contar para as crianças da família Glenn para se obter delas o mínimo de obediência . Gilberty nunca se interessou muito pelas histórias de sua família, e depois de mais um desentendimento com seus pais, tomou a resolução de tornar-se dono legítimo da Casa
Cinzenta, já que no testamento de Ivo, seu nome constava como herdeiro do imóvel. E foi assim que, em março de 1872, com vinte e dois anos, que Gilberty fora conhecer sua nova aquisição, para não mais sair de lá. Junto com a casa estava Elionor, e tamanha foi a surpresa para os dois ao descobrirem-se! Passavam horas a conversar, devaneando sobre a vida e sobre a morte, dois assuntos considerados extremistas demais para o nosso rapaz. E muitas vezes, Elionor lhe falava sobre a vida além do corpo. Falava com uma convicção tremenda, que por várias vezes, abalou o ceticismo inveterado de seu interlocutor. A veracidade e loqüência de suas afirmações fariam qualquer um acreditar que aquela pálida garota entendesse e conhecesse a fundo os mistérios sobre os quais falava. Aos poucos, Gilberty foi-se afeiçoando aquela criaturinha tímida e ao mesmo tempo tão segura, que jamais sorria ou falava de si e de sua história. A única coisa que se sabia dela era seu primeiro nome,Elionor e que morava ali naquela casa, como mais um dos objetos que a ornavam.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Leitura de Kaori


Cumplicidade. E uma deliciosa sensação de sonhar de olhos abertos.
Poderia atribuir essas sensações ao  meu espírito pisciano e altamente impressionável. Mas não é isso.  As personagens são cativantes, e cada novo evento não apenas nos tira o fôlego, mas nos torna cumplices. Cumplices de aventuras, de sonhos e de um universo que não pertence mais a quem o criou, mas que agora já faz parte de nós, leitores apaixonados e ávidos por mais adrenalina, mais detalhes e por mergulhos cada vez mais profundos nas almas de nossos personagens favoritos. Espelhos fiéis e extraordinários que permanecem ocultos de nós mesmos, esperando uma fagulha de paixão para finalmente libertarem-se.
 Kaori evoluiu para o mundo etéreo dos arquétipos, um novo palco onde se desenharam heróis, ou melhor, anti-heróis (adoráveis, diga-se de passagem) que agem conforme seus corações, conforme suas essências, fraquezas, características e qualidades e que por mais fantásticos que sejam trazem dentro de si sentimentos e atitudes extremamente humanos. E  talvez seja essa a mágica tão sublime que nos marca profundamente nessas duas obras: Seres fantásticos incrivelmente humanos, habitantes de uma realidade fantástica e tão verdadeira que povoa  suave e inexoravelmente nosso imaginário.
A leitura de Kaori, ambos os livros, me proporcionaram uma viagem delirante e de uma excitação sem precedentes. Me vi presa em cenários reais e palpáveis, de convívio comum e que descortinaram aquela sensação maravilhosa de que sim, é fantástico pelo simples fato de realmente poder ter acontecido. De estar ali, bem pertinho da gente ao alcance das mãos. Um outro ponto que  me chamou muito a atenção, principalmente no Kaori 2 -Coração de Vampira- foi o entrelaçamento de seres fantásticos do nosso folclore brasileiro com seres do folclore oriental, que por si só tornam Kaori uma obra única e digna de respeito e admiração.
 Indico essa leitura para todos aqueles que se permitem perder, mesmo que por alguns instantes, o controle sobre sua própria imaginação e entrar sem medo num mundo em que tudo, absolutamente tudo é absurdamente possível.
Claro que eu não poderia de forma alguma deixar de agradecer a Giulia Moon, a criadora do Universo Kaori, que se mostrou profundamente conhecedora da natureza humana, e uma pesquisadora incansável, por nos ter presenteado com esses dois belos “portais de sonhos”.  Então, muito obrigada Giu!