quinta-feira, 17 de setembro de 2015

GIlberty Glenn Parte V

Dias depois quando se sentiu mais disposto, chamou pela Senhora Mirtzen, que não se demorou em atendê-lo:
_ Senhora Mirtzen, fale-me de Elionor.
Sobressaltada, recusou-se a falar, mas, depois de muita insistência,respondeu as perguntas de seu jovem patrão.
_ Senhor Glenn, não consigo entender seu interesse por... minha falecida filha.
_ apenas fale-me sobre ela. Diga-me por que permitiu que meu bisa..que Ivo Krezien desposáse-a quando ela tinha apenas quinze anos! Uma criança! Por quê?_como?!
Com um gesto, Gilberty indicou o diário sobre o criado mudo. E então a Senhora Mirtzen entendeu que deveria falar. Como se houvesse uma densa névoa cinza sobre seus olhos começou:
_ Senhor, meu marido, ficou muito doente, pensávamos que iria morrer... não tínhamos dinheiro para pagar seu tratamento... e foi então que O Sr. Krezien me fez uma proposta... Ho! Se eu soubesse...Se eu soubesse... Que estaria salvando meu marido as custas da vida deminha filha! Jamais teria aceitado!...
seu rosto estava transtornado e batia com os punhos nos joelhos determinadamente
_ foi então que,numa noite, quando Elionor e eu já não tínhamos esperanças, fui chamada pelo Sr. Krezien em seu escritório e ele me propôs uma troca:pagaria o tratamento de meu August, e, depois de meu marido restabelecido, desposaria minha filha...
_Hum... ela não escreveu sobre este assunto no diário...
_por que a pobrezinha nunca soube... O Sr. Krezien me pediu para que não contasse do acordo a ela... pensei que com o tempo ela se afeiçoaria a ele mas...
_Mas ela morreu antes do velho e vocês continuaram sem nada!
_O quê?! O senhor não está nada bem! Deve ser a febre!
_Não minha senhora... não minta... afinal, os maiores prejudicados nesta história já estão mortos!O rosto de Katarina Mirtzen estava banhado de pavor. Suas mãos tremiam.
_ A senhora, percebendo a afeição de um velho de oitenta anos,aproveitou-se das circunstâncias... para pôr as mãos em suas posses!Elionor nem mesmo era sua filha!
_ Pare! Não sou obrigada a ouvir seus delírios!
Gilberty saltou na frente da Senhora Mirtzen, trancou a porta e atirou a chave pela janela.
_ Sente-se Senhora, ainda temos que relembrar umas coisas... Gilberty falava energicamente e seu tom autoritário não dava vazão adesobediência. Sem alternativa e encurralada, aquela senhora rechonchuda e agora também assustada sentou-se na pequena poltrona ao lado da cama.
_ A senhora achava injusto que um velho, no fim da vida tivesse tanto,e que seu marido que sempre trabalhara muito, não possuísse nem ao menos uma pequena casa! Não é mesmo, senhora Mirtzen?
_O Senhor, não é a pessoa mais indicada para julgar-me! Quando não conheces-te nada da vida ainda! És um rapazola que vive de sonhos e de herança! Elionor... Minha doce Elionor... eu sempre quis o bem deminha filha! E se eu planejei seu casamento, foi para que fosse feliz! Elionor não nasceu de mim, mas eu a amava...Os soluços da Senhora Mirtzen ecoaram por toda casa e não demorou muito para que batessem na porta. Com uma desculpa qualquer, Gilberty ordenou que providenciassem outra chave... enquanto acatavam suas ordens, ainda teve tempo de alfinetar a já tão desconsolada senhora em sua frente._Elionor não se matou pelo casamento com o Sr. Krezien. Mas por que descobriu teus planos. Sentiu-se usada... e vingou-se de ti, abrindo mão de sua própria vida, que em seu ver, nada valia.
_ como soube de tudo isso? E o que lhe interessa nesta história?
_entenderia se eu lhe contasse? Agora sou apenas a voz de sua consiência.
_ ou de minha Elionor...
Abriram a porta e Gilberty ordenou que lhe deixassem só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário